quarta-feira, 7 de outubro de 2009


Sobre essa estrada ilumineira e parda

dorme o Lajedo ao sol, como uma Cobra.

Tua nudez na minha se desdobra

— ó Corça branca, ó ruiva Leoparda.


O Anjo sopra a corneta e se retarda:

seu Cinzel corta a pedra e o Porco sobra.

Ao toque do Divino, o bronze dobra,

enquanto assolo os peitos da javarda.


Vê: um dia , a bigorna desses Paços

cortará, no martelo de seus aços,

e o sangue, hão de abrasá-lo os inimigos.


E a Morte, em trajos pretos e amarelos,

brandirá, contra nós, doidos Cutelose

as Asas rubras dos Dragões antigos.


ps: eu gotei desse poema porque ele retratou como ele vê a morte, e não são todas as pessoas que o conseguem...az da morte algo como que o juiz final e com isso tenta nos mostrar que pagaremos o preço pelo nossos pecados, hoje em dia todos deviam saber disso, mas parecem que são poucos os que fazem, e se sabem fingem não saber do tipo : tô nem aí, nem a morte me põe medo saco?... essas pessoas deviam aprender a ligar para o que vem a frente, mas essas pessoas deixam para ligar, quando já estão mortas.


Por: Camila Cunha

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Noturno - Ariano Suassuna


Noturno


Têm para mim Chamados de outro mundoas

Noites perigosas e queimadas,quando a Lua aparece mais vermelha

São turvos sonhos, Mágoas proibidas,

são Ouropéis antigos e fantasmas

que, nesse Mundo vivo e mais ardente

consumam tudo o que desejo Aqui.


Será que mais Alguém vê e escuta?


Sinto o roçar das asas Amarelas

e escuto essas Canções encantatórias

que tento, em vão, de mim desapossar.


Diluídos na velha Luz da lua,

a Quem dirigem seus terríveis cantos?


Pressinto um murmuroso esvoejar:

passaram-me por cima da cabeça

e, como um Halo escuso, te envolveram.

Eis-te no fogo, como um Fruto ardente,

a ventania me agitando em torno

esse cheiro que sai de teus cabelos.


Que vale a natureza sem teus Olhos,

ó Aquela por quem meu Sangue pulsa?


Da terra sai um cheiro bom de vida

e nossos pés a Ela estão ligados.

Deixa que teu cabelo, solto ao vento,

abrase fundamente as minhas mão...


Mas, não: a luz Escura inda te envolve,

o vento encrespa as Águas dos dois rios

e continua a ronda, o Som do fogo.


Ó meu amor, por que te ligo à Morte?



* Para mim é um poema sutilmente romântico. É como se o eu-lírico realmente enchergasse (ou lembrasse) a mulher que ele ama como um anjo, o chamando para ir com ela, mas ao mesmo tempo ele não quer ouvir o chamado, ele se sente muito preso às coisas da terra, à vida.

sábado, 29 de agosto de 2009




Aqui morava um rei

"Aqui morava um rei quando eu menino
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pedra da Sorte sobre meu Destino,
Pulsava junto ao meu, seu coração.

Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,
O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.

Mas mataram meu pai. Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.

Sua efígie me queima. Eu sou a presa.
Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa
Espada de Ouro em pasto ensanguentado."

*O poema fala sobre o pai de Ariano Suassuna -João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suaçuna , Presidente da Paraíba entre 1924 e 1928 que foi assassinado na capital da República em meio aos acontecimentos que sucederam a evolução de 30- e como ele ( Ariano Suassuna ) se sentiu ao saber da morte do seu pai.

By: Janine Oliveira ;

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Caricatura de Ariano Suassuna


A Morte — O Sol do Terrível


Com tema de Renato Carneiro Campos


Mas eu enfrentarei o Sol divino,
o Olhar sagrado em que a Pantera arde.
Saberei porque a teia do Destino
não houve quem cortasse ou desatasse.


Não serei orgulhoso nem covarde,
que o sangue se rebela ao toque e ao Sino.
Verei feita em topázio a luz da Tarde,
pedra do Sono e cetro do Assassino.


Ela virá, Mulher, afiando as asas,
com os dentes de cristal, feitos de brasas,
e há de sagrar-me a vista o Gavião.


Mas sei, também, que só assim verei
a coroa da Chama e Deus, meu Rei,
assentado em seu trono do Sertão.



* O que eu entendi do poema:
O poema fala como o eu lírico ver a morte e que ele – o eu lírico – não fugirá da morte e sim encara-la, pois isso é o destino. E também o eu lírico diz que espera uma Mulher de asas e com dentes de cristal que se dá pra entender que ele se refere à Maria onde o levará ao céu onde ficará perto de Deus.

* Escolha do poema:
Esse poema me chamou atenção por que mostra a morte não com um olhar trágico e doloroso e sim como uma conseqüência da vida onde todos irão passar!

OBS: Na Estação Ciência está tento a exposição das obras de Ariano Suassuna.



Por: Janine Oliveira ;

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Ariano Suassuna


Para a primeira postagem resolvemos colocar o nome de algumas obras de poesia de Ariano Suassuna:


O pasto incendiado, (1945-1970)
Ode, (1955)
Sonetos com mote alheio, (1980)
Sonetos de Albano Cervonegro, (1985)
Poemas (antologia), (1999)


RAIO-X DO AUTOR


Nasceu em 16 de junho de 1927, em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa (PB).
Em 1946, já em Recife, entra para a Faculdade de Direito; no ano seguinte, escreve sua primeira peça: "A Mulher Vestida de Sol"
Em 1951, escreve "O Auto da Compadecida", sua obra mais popular
Em 1970, cria o Movimento Armorial, com o objetivo de valorizar a cultura popular do Nordeste brasileiro
Em 1971, lança o romance "A Pedra do Reino"
Em 1990, toma posse na Academia Brasileira de Letras, na cadeira de número 32.